Antes do final de terminar o ano de 2019, vários empresários gráficos reuniram-se em Lisboa, a convite da Revista Intergráficas e da Konica Minolta, para debater ideias e perspectivar 2019. Foram mais de três horas a partilhar experiências, ideias e desenhar o futuro dos meses seguintes.
Num almoço que teve lugar no restaurante Lisbon SOHO Club, em Lisboa, pertencente ao Chiado Grupo Editorial, ambiente onde predominam os livros, o produto que mais representa o mundo da impressão, estiveram 18 profissionais gráficos, juntamente com responsáveis da Konica Minolta e da Revista Intergráficas. Entre outros temas, falou-se de eventos, de tendências do mercado de impressão, web to print, estratégias e cooperação.
Para dar início ao debate de ideias, Manuel Matos da Konica Minolta começou por referir que este evento é muito importante. “Com o acesso à internet e aos meios, todas as pessoas têm hoje informação. Estamos mais informados, passamos mais tempo a investigar e estamos muito mais evoluídos do que há anos atrás. Todos queremos saber como será o futuro, como será, por exemplo, o investimento a cinco anos ou que visão teremos sobre o mercado a dez. Mas no imediato, queremos trabalhar perto dos clientes, saber o que precisam e pensam. Não é uma questão de vender máquinas apenas, mas partilhar ideias. Este almoço permite isso mesmo.”
Bruno Moluras, Ondagrafe
“O problema da cooperação é cultural. Não sou pessimista mas acho difícil que as empresas se juntem mais. Não faz sentido cooperar quando as empresas estão já muito mal. Na verdade é importante que as empresas se juntem quando estão bem. Trabalhamos numa área que é muito dinâmica e versátil e hoje a indústria exige muita mudança, uma boa gestão dos processos. Aplaudo a Konica por patrocinar um evento que não tem como objectivo vender máquinas mas que faz por estar presente junto dos seus clientes de modo a poder ouvi-los.”
Armando Roseiro, UV Artes Gráficas
“Há cerca de dez anos era impensável conseguir obter esta abertura entre empresas e hoje estamos aqui a almoçar e a partilhar ideias e sugestões. O mercado está mais maduro.”
Fernando Costa , Finepaper
“Sobre a questão da colaboração e partilha, a questão dos orçamentos é um excelente exemplo. Posso dizer que recebemos alguns com variações de 30% . Em alguns casos recebemos orçamentos de gráficas que nunca acharia que pudessem ser tão competitivas, com valores 40 % mais baixos. Depois de questionar, a resposta, é que têm as máquinas paradas e preferem baixar preços. Isto não é uma boa gestão. Já vou identificando os formatos de pedidos de orçamento e, quando isso acontece, não tenho problema em ligar aos meus colegas porque sei que os clientes são hoje conhecedores e sabem ir experimentando as várias possibilidades.”
Raquel Martins, Traços Originais
“Tenho várias parcerias com algumas pessoas que representam empresas que estão aqui neste almoço. Como é o caso do Fernando da Finepaper. Temos uma excelente relação de partilha de informações, de dados que nos fazem mais fortes. Senti mais dificuldade internamente em levar por diante parcerias com outras empresas do mercado, porque os meus comerciais não queriam que fizéssemos o trabalho fora de casa. Trabalhamos com um leque de outras gráficas mas, a princípio, a resistência foi maior por parte da área comercial. Felizmente a questão está ultrapassada.”
Bruno Colaço, Colprinter
“Todas as empresas vão ter de estar na web. Penso que hoje todas as gráficas vão precisar de ter plataformas web to print. É inevitável. Também acho que a grande maioria tem de seguir a linha da especialização, com três, quatro ou cinco produtos em destaque e vender esses mesmo produtos.”
Manuel Marques de Matos, Konica Minolta
A web é imprescindível para todas a empresas mas temos de perceber que há dois caminhos a seguir: Business to business e o business to customer , que é o caso da empresa web to print 360 Imprimir. A grande maioria das gráficas está no business to business e, para isso, precisa de ter ferramentas para que consiga trabalhar melhor. Vão ter de ir menos vezes ao cliente, vão ser obrigados a ter uma plataforma de comunicação com o cliente e este vai acabar por ficar viciado. Há uma nova geração de compradores. Há há cada vez mais as pessoas a comprar online, a recorrerem a plataformas web to print e a fazer compras na web, que efectivamente estão a crescer. A tendência é o crescimento. Não podemos deixar passar tempo para implementar estas soluções.
Quem quer vender ao público tem de investir muito mais e trabalhar as ferramentas e o marketing, ou vai agarrar nos clientes e adaptá-los a uma plataforma web, criando mecanismos de facilitação de entrega do trabalho e que garantam uma comunicação directa com estes. É preciso que, dentro das organizações gráficas, se saiba quem são os clientes. Uma verdade inquestionável, é que as compras online crescem todos os anos. Mas a grande maioria das empresas não tem uma estratégia definida neste campo, embora hoje já existam muitas ferramentas disponíveis. O que custa mais nem é isso, mas sim o planeamento.
O mundo está cheio de ferramentas, é fácil chegar onde se quer, sendo que o que custa mais, é planear uma estratégia, um caminho, onde nos encontramos e onde se encontram os clientes.”
André Novais de Paula, Directimedia
“Continuamos a falar de alguns temas como se fossem assuntos novos, mas a verdade é que alguns são os mesmos de sempre e já têm mais de dez anos no mercado. Os temas da especialização, os meios digitais que podem promover o negócio são temas interessantes. O web to print não é apenas a empresa 360 Imprimir ou o seu modelo de negócio. Quando a Directimedia surgiu no mercado já ouvíamos histórias antigas que mostravam de que forma pode uma gráfica trabalhar áreas de relevo e obter uma enorme projecção.
Sobre a impressão web to print, já muito se falou e se sabe. Recordo que hoje há empresas de impressão web to print que precisam apenas de sete minutos, o tempo que demora desde que entra uma encomenda até que o trabalho seja produzido e impresso. Claro que tudo isto se deve a um método, processo e planeamento e standartização.
José Paiva, Transgráfica
“Temos uma plataforma web to print. Há 3 anos demos vida à Graf4u porque fazia sentido lançá-la para ver como funcionava e que seguimento tinha. Foi um projecto que era preciso lançar porque estávamos já atentos ao mercado. Neste momento, há uma ponte entre a Transgráfica e a Graf4U e os clientes estão a transitar de uma para a outra. Se me perguntarem se tivesse de escolher entre a Tansgráfica e a Graf4U, claramente escolheria a Graf4U, pois sei que é por ali que passa o mercado.
As ferramentas estão todas aí, estão disponíveis, são fáceis e não são caras. Temos apenas de enfrentar empresas de grande relevo, como é o caso da 360 Imprimir, Pixartprinting e outras. Temos uma dificuldade que se prende com o facto de, para sermos os primeiros, para estar nos cinco primeiros lugares de pesquisa online, temos de ser forçados a investir bastante. Temos um grande trabalho, que passa por manter e usar métodos para nos mantermos na frente das pesquisas do Google.
Sobre este tema, posso emitir a minha opinião, referindo que somos poucos projectos web to print. Somos talvez vinte, mas devíamos ser 400 para que não exista um grande player que absorva todo o mercado. O mercado das web to print é muito diferente. O bom disto é que o cliente compra um cartão e depois vai comprar outros produtos. No nosso caso, tivemos clientes que começaram por comprar um cartão de 14 euros, depois fizeram uma revista e, de seguida, um trabalho no valor de 13 mil euros. O vendedor foi obviamente a plataforma web to print, Graf4U. A plataforma web to print é um vendedor 7 dias por semana, 24 horas por dia. A Graf4U é a menina dos meus olhos.”
Miguel Pina, Louresgráfica
“Todos gostaríamos de ter uma plataforma web to print e todos gostaríamos que os nossos clientes passassem por aí. Não é possível porque há clientes que querem uma qualidade maior. “
Miguel Marques , Jorge Fernandes Lda
“A qualidade de uma impressão web to print é um dado exigido. Aquilo que me preocupa agora, não são os cartões simples, não são os trabalhos mais básicos mas sim quando as plataformas conseguem entrar em clientes de renome, com prestígio no mercado e oferecem qualidade premium.”
Bruno Moluras, Ondagrafe
“A qualidade de uma plataforma que imprime, por exemplo num plano de cartões uma panóplia de cores, é impossível obter uma qualidade extrema. O modo de produção e o volume é que permitem o web to print.“
Nuno Penedo, Guide
“Também nós, na Guide, produzimos para a 360 Imprimir. Uma plataforma é a única solução possível para que todos sobrevivamos. Não é bem uma plataforma aquilo que precisamos mas sim uma digitalização. Existem plataformas a nível mundial que são canais B2B, que são canais para todos nós, de dimensão, onde podemos estar todos mas só se tivermos a digitalização total do processo. A indústria gráfica tem 3.000 empresas. Mas precisamente porque há esta necessidade de digitalização dos processo, é possível que muitas gráficas desapareçam nos próximos tempos por não se adaptarem.”
Fernando Costa, Finepaper
“A Finepaper nasceu em parceria com as empresas gráficas. Para nós, é fácil estar no mercado e encontrar o nosso espaço. Aquilo que se fala das parcerias gráficas entre empresas é, para nós, muito natural. Muitas vezes, fazemos uma campanha para um cliente onde imprimimos em quatro gráficas diferentes produtos diferentes. O segredo, se é que existe, é que tentemos nos dar bem com todos, escolhendo os mais fortes em cada área. Aquilo que precisamos de cada um e quem é que nos poderá ser útil. Tentamos ser os melhores para os nossos clientes.
Como é que crescemos 20 por cento ano? Simples, é o serviço que também conseguimos transformar para o digital. Uma gráfica tem várias opções e pode ter “omelhorflyer.pt” ou “omelhorcartão.pt” e, afinal damos a percepção ao cliente de que está a comprar em sítios diferente mas na verdade, são todos canalizados para o mesmo sítio.
Há empresas web to print que entram no segmento de impressão de cartões de visita mas não num segmento de baixo custo. Essas empresas vendem 100 cartões por 100 ou 200 euros mas oferecem, acima de tudo, uma experiência pessoal. Os cartões são entregues em mãos, numa caia sofisticada.”
Lisbon SOHO Club
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1300-260 Lisboa