Rui Ferreira, director geral da Eigal falou com a IG para nos contar mais sobre o presente e o futuro da gráfica do Porto
Uma das mais destacadas empresas gráficas na área do livro escolar e tem enfrentado a pandemia com uma estratégia que passa por dar continuidade ao trabalho, respeitando regras mas unindo ainda mais a equipa e preparando o futuro. Rui Ferreira, director geral da Eigal falou com a IG para nos contar mais sobre o presente e o futuro da gráfica do Porto.
Como está Eigal a enfrentar esta situação de Pandemia que atinge o país e o mundo?
Na Eigal continuamos com a actividade normal e, obviamente respeitando todas as regras de segurança. Já lidámos com casos suspeitos mas, felizmente, nenhum confirmado. Claro que tivemos uma redução da actividade, mas não foi substancial e temos ultrapassado tudo com organização e trabalho.
Sentiram a paragem de actividade dos vossos clientes e o consequente envio de trabalhos para impressão?
Podemos dizer que houve algum abrandamento mas nunca tivemos uma grande paragem. Na Eigal não tivemos layoff e isso, creio, diz bem da forma como sempre temos trabalhado. Demos resposta a todas as solicitações dos clientes, estivemos sempre disponíveis para cada um deles.
Depois do fecho e paragem do país por conta da pandemia, sentiram alguma “retoma”, tal como acharam que seria possível?
Pessoalmente tinha expectativas de que iria existir uma melhoria e a verdade é que acabou por acontecer uma boa recuperação, já que este ano estamos mais ou menos alinhados com a facturação do ano passado. Este 2020 não será um ano mau. No ano anterior, 2019 tivemos um ano bastante interessante e tínhamos vindo nessa onda de boas perspectivas. Este ano, apesar de tudo, esperamos alguma retoma e alinhamento com anos anteriores.
O nosso foco é a optimização dos recursos
Rui Ferreira, Director geral da Eigal
De que forma procederam com a área comercial, já que muitas empresas investem em umentar os comercias para combater as perdas do mercado num ano de pandemia?
Na altura do confinamento houve uma necessidade de atacar novos desafios, pensar “fora da caixa”, ponderar novas oportunidades mas, os clientes não estavam disponíveis e, depois, simplesmente retomámos a nossa carteira normal de clientes e fomos recuperando os projectos que tinham ficado suspensos.
Como vê o mercado, já perto do final de um ano difícil para a maioria das empresas portuguesas de diversas áreas e, sobretudo na área de impressão?
Na indústria gráfica temos muitos sub-sectores e nestes, o livro, as publicações em geral, são um mercado que procura sempre ter novidades, novos lançamentos e projectos e nós, somos o parceiro certo para que consigam uma retoma de forma mais efectiva.
Este é um mercado que procura inovar, no sentido de aproveitar novas situações que agarrem novos clientes.
Quanta da vossa produção é para consumo interno ou exportação?
Nesta altura, estamos com números na ordem de 70 por cento de consumo para o mercado interno e 30 por cento de consumo para exportação. Na produção para consumo interno a área escolar tem um peso significativo.
Deveríamos ter quem “pensasse” sobre as novas oportunidades que o mercado nos pode oferecer porque não faz parte do nosso mindset
Rui Ferreira, Director geral da Eigal
Como analisa o actual estado do mercado livreiro e, sobretudo, a situação do online na área de ensino escolar?
Essa é uma preocupação porque queremos perceber o que vai acontecer no futuro, no relacionamento entre professor e aluno e, no funcionamento de toda uma escola. No meu ponto de vista, mesmo que exista uma complementaridade do ensino online com o ensino presencial, até mesmo em ensino superior, creio que isso torna mais necessário os elementos escritos. Se pensarmos numa aula online, em que o aluno está frente a um computador, é natural que este queria estar atento ao professor e construir uma relação com o profissional que ensina a matéria. Assim, é fundamental que o aluno disponha de um manual que permita acompanhar a aula que está a ser dada. No Brasil isso começou a acontecer e, aqui ainda não descolou mas, creio que o caminho do futuro passará por aí. Essa complementariedade entre o digital e os produtos físicos será cada vez mais necessária.
O que pensa das novas aplicações, da interactividade crescente entre o papel e o digital, aquilo que hoje se designa por Phydigital?
São mundos que podem completar-se, potenciam-se de uma forma muito significativa e interessante. Aquilo que à primeira vista poderia parecer uma substituição é, apenas uma complementariedade.
Boas ideias e desafios são geralmente propostos pelos clientes e nós, acompanhamos e sugerimos outras abordagens, outras ideias, outras aplicações. Estamos sempre disponíveis para ir à procura e estudar formas de reunir o mundo digital e o mundo físico. Trabalhamos em conjunto com os clientes e isso tem sido muito bom, permite resultados extraordinários.
Considera que área de impressão poderia beneficiar de um ou mais “embaixadores” que conseguissem mostrar todo o seu potencial e alcance?
Faz muito sentido que existam pessoas, entidades, organizações que realizem exposições, façam divulgação da indústria e a promovam. Sim, seria uma boa ideia, já que é difícil pensar “fora da caixa”, porque estamos todos muito focados no processo produtivo, na eficiência e rentabilização dos processos. Deveríamos ter quem “pensasse” sobre as novas oportunidades que o mercado nos pode oferecer porque não faz parte do nosso mindset e, esperamos sempre que sejam os clientes a inovar. Creio que é preciso um impulso, uma abertura e mostrar mais a impressão e toda a sua beleza e potencial.
Pessoalmente tinha expectativas de que iria existir uma melhoria e a verdade é que acabou por acontecer uma boa recuperação, já que este ano estamos mais ou menos alinhados com a facturação do ano passado.
Rui Ferreira, Director geral da Eigal
A Eigal trabalha sobretudo a impressão offset e o digital?
Trabalhamos sobretudo a impressão offset já que temos pouco trabalho de impressão digital, porque nos dedicamos a médias as grandes tiragens.
A impressão digital pode ser uma solução para tiragens pequenas e até médias, mas a verdade é que, para que os processos sejam digitais, isso implica que haja uma automatização, que o acabamento também seja digital e tudo isso tem de ser cuidadosamente analisado.
Na Eigal a produção é totalmente automatizada mas existe sempre uma pressão para o cumprimentos de prazos. Quais as mais valias que vos distinguem de outras empresas?
Na Eigal a questão da qualidade é central, não só a qualidade dos produtos impressos, mas também do serviço, que está relacionado com a capacidade de resposta, cumprimento de prazos e até o acto de passar essa informação ao cliente. É preciso que o serviço seja bom. Quando estamos a falar em impressão de grandes tiragens, de muitos títulos e excelente qualidade, já não encontramos com facilidade, muitas empresas que consigam dar a resposta que damos.
Uma empresa que passou a barreira de 50 anos de actividade atinge um marco e torna-se uma referência.
O que é que a Eigal poderá trazer de novo ao mercado, ainda durante esta pandemia, tendo em conta que são as crises económica e sociais que mais impulsionam as empresas a inovar?
O nosso grande foco tem sido sempre a optimização dos recursos. Por isso, a nossa evolução é no sentido de uma enorme produtividade/ homem /automatização e, uma maior eficiência no aproveitamento e optimização dos recursos. Na área da automatização de processos e optimização de recursos há ainda muito caminho a percorrer. É por isso que os fornecedores de equipamento estão sempre a introduzir novos instrumentos, ferramentas que permitem auxiliar e capacitar os recursos humanos das empresas para aproveitar esses instrumentos. Os fabricantes e fornecedores percebem que não estão a trazer para as empresas o verdadeiro aproveitamento das novas tecnologias porque a organização e capacitação da empresa não está preparada para o receber.
Depois tudo isto está relacionado com a capacidade de resposta e o cumprimento de prazos. Tudo acaba por estar interligado.
Dentro desta indústria, a Eigal trabalha de uma forma muito específica já que tem uma produção programada.
A comunicação é cada vez mais importante e faz a diferença em todas as áreas, sendo por isso que a impressão tem uma relevância que não passa despercebida.