Por: Rafael Mateus
Como a fabricação aditiva respondeu a todos os desafios e se apresenta como um argumento diferenciador em indústrias cada vez mais competitivas.
A impressão 3D foi alvo de muito interesse nos seus passos embrionários, quando se especulava sobre as potencialidades da fabricação aditiva e sobre a forma como ela poderia moldar o mercado ou mesmo criar novos mercados. Passado o tempo do deslumbramento com a tecnologia, adotámos os naturais passos para aplicar a inovação inerente a esta área no nosso dia a dia, tanto profissional como pessoal, para dela recolhermos os frutos prometidos por artigos de especialistas e analistas de mercado.
Talvez a face mais visível da impressão 3D neste momento seja o seu contributo para a renovação de modelos de negócio e cadeias de valor nas mais diferentes indústrias. Compreender as vantagens da impressão 3D e a forma como elas podem ser aplicadas ao nosso dia a dia e à maneira de operar das empresas torna-se indispensável para avaliarmos as verdadeiras potencialidades de uma tecnologia que promete revolucionar processos. Em jeito de resumo, consideremos algumas áreas onde a impressão 3D se assume como um argumento diferenciador e com a capacidade de ser um game-changer.
Responsabilidade social e ambiental e novos timings de desenvolvimento de produto
Para além do enquadramento médico que a conjuntura atual impõe, consideremos a questão de responsabilidade social e sustentabilidade que a fabricação aditiva faculta. A possibilidade de impressão de peças para a construção de casas reduz significativamente o tempo de construção e o valor de produção das mesmas. Num planeta onde o acesso a acomodações básicas ainda é um desafio em diferentes geografias – com o problema mais gritante em África, naturalmente – a fabricação aditiva pode assumir-se como um argumento de peso no combate à pobreza e à exclusão social.
Mesmo em sociedades onde a falta de habitação não é gritante mas onde o preço e o tempo de produção das casas se encontra desajustado face ao poder de compra médio dos seus habitantes, esta tecnologia tem a capacidade de se apresentar como um nivelador económico com claros benefícios sociais. Além disso, e uma vez que o desperdício é reduzido, permite um processo produtivo ambientalmente mais responsável e com claros ganhos face a processos tradicionais que implicam utilização de matérias e processos mais nocivas ao meio ambiente.
A impressão 3D assume-se como um argumento diferenciador e com a capacidade de ser um game-changer
Rafael Mateus
Tenhamos ainda em conta que a célere prototipagem para um rápido teste das peças ou dos produtos é essencial não apenas para reduzir substancialmente o time to market de novos produtos mas para responder a qualquer área de engenharia – mesmo em setores tradicionalmente mais complexos como a engenharia aerospacial. A elevada velocidade
que a impressão 3D aporta ao desenvolvimento dos produtos é um elemento diferenciador, e algo disruptivo para quem desenvolve e testa componentes ou soluções nas mais diferentes indústrias. Tomemos como exemplo a indústria aeroespacial, onde a aplicação de novos materiais e a possibilidade de recorrer a geometrias diferenciadoras garantem a produção 3D de peças mais leves e mais resistentes – argumentos de grande importância para esta indústria Da mesma forma, a impressão 3D apresenta-se como um aliado de peso e um dínamo de inovação para o setor do ensino, permitindo uma nova era de experimentação para toda uma nova geração de inovadores e de pessoal docente
e ligado à investigação científica.
Nos dias que correm, a rapidez de resposta e a inovação são linhas primordiais para traçarmos o nosso caminho neste “novo normal”. Nele, a impressão 3D está no processo de implementação de uma nova cultura de fabrico de produto que rescreve processos, tempos de resposta e processos de produção para se apresentar como uma tecnologia repleta de potencialidades, algumas das quais ainda nem descobrimos.