A Bulhosas é uma empresa que soube adapta-se às mutações do mercado e continua a correr atrás da inovação. Alberto Bulhosa conta-nos como foi possível exportar, internacionalizar e receber o reconhecimento através de prémios de prestígio, tudo sem esquecer o mercado nacional.
A Bulhosas é hoje uma empresa diferente da grande maioria das que estão na área gráfica. Como aconteceu este processo?
AB: Muito naturalmente. Ao longo dos anos assimilámos diversas competências. A empresa tem vindo a adaptar-se às mutações de mercado, desde a sua fundação e depois da indústria de chapéus entrar em declínio, passou a vender aos sectores de calçado e alimentar. Posteriormente a empresa começou a fabricar produtos para a indústria têxtil e de confecções. Neste momento, vende para todos os sectores da indústria transformadora e também para a área da segurança, lançando novos produtos, ao longo de todo o ano.
Como é que a Bulhosas percebeu que o seu mercado passaria pela área de impressão de segurança?
AB: O aumento de produtos contrafeitos e falsificados nas cadeias de distribuição apresentam hoje uma ameaça muito importante. Estudos estimaram que as perdas aproximaram-se dos 1.200 biliões de USD, no ano de 2017. Sentimos no passado um problema existente no mercado de produtos sujeitos à contrafacção, nomeadamente dos produtos de luxo, bebidas alcoólicas e medicamentos. Já trabalhávamos com o mercado de vinhos e com entidades reguladoras, que sofriam com este fenómeno, tanto em Portugal como no estrangeiro. Por estas razões, tivemos necessidade de encontrar soluções alternativas e com preços adequados a cada produto.
E graças à cooperação com vários parceiros (alguns possuíam produtos complementares aos nossos e aqui apenas replicámos a solução de segurança para as necessidades dos clientes do nosso sector), à informação que transmitimos ao mercado, à formação e à mudança de mentalidades dos colaboradores, conducentes a um espírito mais inovador e criativo e à confiança que a empresa inspirava, desenvolveram-se naturalmente valências, que abriram caminho para a apresentação de uma etiqueta dirigida aos segmentos de produtos de luxo ou que exigiam uma grande rastreabilidade. E hoje possuímos soluções alternativas individuais ou integradas, cumulativamente para um mesmo produto, que são um reconhecimento do trabalho desenvolvido por toda a nossa equipa e parceiros de negócio, ao longo dos anos.
A impressão de segurança permite à Bulhosas diferenciar-se no mercado. Qual a importância desta área para a empresa?
AB: A empresa obteve a autenticidade dos produtos impressos e fornecidos, obtivemos a confiança dos clientes, possuímos uma imagem positiva acrescida, adquirimos uma diferenciação no mercado, apresentámos um leque mais variado de produtos e divulgámos a Bulhosas de forma mais abrangente.Hoje, o mercado recebe uma etiqueta genuína e única, com uma diversidade de opções e com variados preços.
Como é que a Bulhosas percebeu que era preciso internacionalizar?
AB: A internacionalização foi sempre considerada como uma necessidade, ao querermos crescer de forma sustentada.Um professor de marketing referiu numa aula que “vender apenas no mercado doméstico é um suicídio. Exportar é uma cruz. ” Preferimos combinar um “suicídio” com uma “cruz”, porque todos nascemos sofredores…
Há muito tempo que a Bulhosas está na frente em matéria de inovação. A Inovação está no ADN da empresa?
AB: A envolvente do mercado muda de dia para dia, a uma grande velocidade e não é previsível nem estável, como há alguns anos atrás. Portanto, existe uma necessidade premente de nos adaptarmos às mudanças, mediante uma visão global e sustentada.Apenas entendendo as necessidades do mercado, é que seremos capazes de satisfazê-las e de marcar uma tendência. E temos que reconhecer que a concorrência também promove a eficiência e a inovação. A inovação é uma mudança constante, que temos que implementar no nosso dia-a-dia, e deve acompanhar a transformação da tecnologia (vejamos o caso das equipas de Fórmula 1).
Temos que saber e poder responder às exigências dos nossos clientes e convertermo-nos praticamente em visionários, reinventando-nos, se for necessário. Temos que lhes fazer propostas, para que lhes valha a pena pagar mais. Temos que gerar ideias rentáveis. Temos que produzir bens e serviços diferenciados.Se quisermos crescer ou inclusivamente se quisermos sobreviver, teremos que estar alinhados com essa realidade e termos a consciência de que os clientes são cada vez mais exigentes. Uma coisa é certa: depois de começarmos a correr, não poderemos voltar atrás.
E nunca ninguém disse que iria ser fácil. Basicamente porque temos que ser inovadores, rápidos, rentáveis e auto-sustentáveis. E a nossa curva de experiência colabora na obtenção desses resultados. Por outro lado uma boa gestão, coordenada por uma equipa competente, são essenciais. Cabe-nos minimizar os nossos pontos mais débeis, aprender com os nossos parceiros ou outros players de mercado, melhorando os seus pontos fortes e tendo sempre o cuidado de os adaptar à nossa realidade, aproveitando aquela flexibilidade que possuímos e aplicando-a com convicção.
“Temos que reconhecer que a concorrência também promove a eficiência e a inovação. A inovação é uma mudança constante, que temos que implementar no nosso dia-a-dia, e deve acompanhar a transformação da tecnologia”
Alberto Bulhosa
O que os clientes referem como sendo o que mais valorizam na vossa empresa?
AB: Principalmente a nossa qualidade técnica, a diversidade de opções a nível tecnológico, o apoio na impressão e a confiança no serviço prestado.
Por onde gostaria que passasse o futuro da Bulhosas?
AB: A nossa empresa irá tornar-se, cada vez mais, um prestador com serviços integrados e global, nos sectores em que estamos inseridos. A qualidade intrínseca dos produtos oferecidos no mercado será fundamental. A consolidação da internacionalização será um dos vectores estratégicos da nossa missão a longo prazo.
Considera que as empresas da área de impressão devem integrar grupos de comunicação que incluam outras valências?
AB: Estou inteiramente de acordo. Terá que haver um grande esforço conjunto, no sentido de grupos de empresas, com valências e necessidades semelhantes, se unirem, com o objectivo de ganharem valor, economias de escala e de se defenderem de surpresas ou oscilações de mercado que possam surgir no médio e longo prazos. A indústria gráfica nacional precisa de parcerias, cooperação e ética. Talvez devamos avançar para uma cultura corporativa empresarial, “a sair da caixa”!
A Bulhosas foi recentemente distinguida na Dscoop. De que forma este prémio e outros reconhecimentos são importantes para a empresa?
AB: Agrada-nos que reconheçam o nosso esforço, o nosso trabalho, o nosso empenho diário. Um prémio ou um reconhecimento transforma-se numa lufada de ar fresco, que sopra da janela e nos faz respirar profundamente. Torna-se num incentivo para continuar com mais ânimo e orgulho, seguindo sempre melhorando. É uma palmada nas costas, que nos serve como ponto de inflexão e que agradeceremos sempre. É, acima de tudo, a confirmação daquilo que o que os nossos antecessores nos ensinaram!