A Fashion Revolution Week, semana de sensibilização para o verdadeiro custo da roupa, tendo em vista um futuro mais sustentável, é assinalada esta semana, com várias actividades, em mais de cem países e Portugal está incluído na lista.
Até Domingo, decorrem mais de mil iniciativas, em mais de cem países em todo o mundo, em nome de “uma indústria de moda mais justa, segura e transparente”, de acordo com informação disponível no site oficial do movimento Fashion Revolution.
Ontem, a Casa do Impacto, em Lisboa, acolheu a iniciativa Fashion Revolution Day organizada pela GoParity, uma plataforma de investimento em projectos de energia sustentável que promove o alargamento do acesso a oportunidades e da partilha dos benefícios gerado.
Entre as 17:00 e as 20:00, foi possível assistir a diversos debates, à exibição de um documentário e um ‘swap market’, mercado de troca de peças de roupa a fim de sensibilizar para o problema da indústria da moda, lê-se na página do evento disponível na página da associação Fashion Revolution, no qual é lembrado que mais de 200 mil toneladas de roupas são deitadas fora anualmente em Portugal e o sistema de reciclagem não está preparado para o tratamento de vestuário.
“A Fashion Revolution enquanto movimento encoraja a criar eventos Fashion Revolution. Qualquer pessoa pode ter autonomia para criar o seu evento”, explicou à Agência Lusa a coordenadora do movimento em Portugal, Salomé Areias.
A iniciativa que decorreu durante o dia de ontem foi da responsabilidade da GoParity, mas encorajada e apoiada pela Fashion Revolution Portugal (FRP), associação sem fins lucrativos, que concentrou as suas iniciativas para sábado, no Porto e em Lisboa. Este ano, as actividades organizadas pela FRP concentram-se no sábado, entre as 10:00 e as 18:00, no Gate 76, em Lisboa, e no OPO’Lab, no Porto.
“Além das actividades que temos feito nas últimas três edições, (este ano) vamos ter uma nova: Transparency Fair”, que surgiu como uma resposta à procura das marcas em ganhar um lugar para exibirem o seu produto e para exibirem toda a sua produção, todos os seus processos”, revelou Salmé Areias. A responsável explicou que em anos anteriores as solicitações eram mais “por parte do consumidor” e, por isso, fazia-se “um evento muito para o consumidor, para informá-lo, para sensibilizá-lo”.

“O que nós queríamos era também encorajar a transparência. Para além de toda essa informação que as marcas vão trazer, vão abrir as portas, mostrar quem faz a roupa dessas marcas, e nós vamos insistir para que revelem muito mais: todo o modelo de negócio, estrutura de custos”, refere Salomé.
Além da Transparency Fair, este ano volta a haver o ‘swap market’, “um mercado de trocas que não envolve dinheiro”, exibição de documentários e ‘workshops’ “para toda a gente que queira reparar peças de roupa, costumizar”. A lista de atividades inclui também um Ignite, “uma plataforma de partilha de ideias”. “Vão ser as nossas palestras, com oradores que vêm falar sobre transparência”, referiu novamente a responsável.
Este ano, estará em destaque na Fashion Revolution Week, a nível global, “como o futuro da indústria da moda deve respeitar as pessoas e o planeta com trabalho justo e decente, proteção ambiental e igualdade de género”. “Da Austrália ao Brasil, do Uruguai ao Vietname, mais de 275 milhões de pessoas deverão participar na Fashion Revolution Week perguntando às marcas #whomademyclothes (#quemfezasminhasroupas, em português)”, refere a organização.
Além disso, a associação Fashion Revolution irá divulgar amanhã a edição deste ano do Fashion Transparency Index, um ‘ranking’ dos níveis de transparência de 200 das maiores empresas de moda a nível mundial.
A Fashion Revolution Week foi criada pela associação britânica sem fins lucrativos Fashion Revolution, fundada após o colapso, em abril 2013, do complexo têxtil Rana Plaza, situado em Dacca, no Bangladesh, no qual morreram 1.100 trabalhadores. O Rana Plaza era um edifício com nove andares que albergava diversas unidades de confeções, onde eram fabricadas peças para várias marcas de moda, como a Benetton, a Primark ou a Mango.