Mesmo nestes tempos de social media como o Facebook, Twitter Linkedin, Email e outros, mesmo neste tempo de informação “generalizada e imediata”, o público em geral continua a valorizar os meios de comunicação reconhecidos como fontes fiáveis e credíveis de informação. Isso ficou provado, em especial durante os momentos mais conturbados vividos em sociedade provocados por esta crise pandémica.
É por isso animador ver que, mesmo nesta “Era” dos medias sociais, o público tem demonstrado o seu apoio e valorização dos meios ditos mais tradicionais.
Embora as vendas de jornais tenham flutuado por causa dos avisos sucessivos de que as pessoas deveriam manter-se em casa durante a crise pandémica, não há como negar que o sector tem desempenhando um papel crucial nestes novos tempos que são também tempos de teste.
O Secretário de Cultura do Reino Unido, Oliver Dowden, chegou mesmo a designar os editores de “Quarto Serviço de Emergência”, enquanto os jornalistas que reportaram a pandemia receberam a classificação de trabalhadores chave no Reino Unido e na Europa.
A mensagem dos jornais locais que serviram as suas comunidades, foi, literalmente, “Estamos consigo, estamos juntos”. Enquanto isso, os jornais nacionais garantiram que as pessoas puderam sempre ter acesso aos exemplares impressos através dos serviços de entrega gratuita, em muitos casos totalmente subsidiados pelo Estado.
Parar a disseminação de notícias falsas
Há uma boa razão pela qual os meios impressos têm sido apoiados pelo Governo em tempos de crise. É inegável que os meios impressos ajudam a promover a verdade e a banir a falsidade e contra informação num contexto actual de “notícias falsas” ou Fake News como são comumente conhecidas.
Numa pesquisa realizada no Reino Unido em Março, constatou-se que quase metade dos adultos britânicos foram expostos a informações falsas ou enganosas sobre o coronavírus.
A Ofcom alertou que dois terços das pessoas que se deparavam com informações e notícias falsas as viam de forma repetidas todos os dias, pois muitas procuram actualizar-se nos meios sociais ou através de amigos, além disto ficou claro que são os menores de 25 anos os mais propensos a serem expostos a estas notícias falsas.
No entanto, Yih-Choung Teh, director de estratégia e pesquisa da Ofcom, afirmou que as pessoas estavam a “recorrer às autoridades públicas, canais televisisvos e jornais tradicionais para obter informações credíveis sobre o Covid-19”.
“Com tanta informação falsa a circular online, nunca foi tão importante que as pessoas pudessem superar a confusão e encontrar fontes precisas, confiáveis e credíveis de notícias e conselhos”, acrescentou.
O Escape necessário durante a Pandemia
Mas não são apenas os jornais que as pessoas voltaram a querer ter como companhia durante o bloqueio. O público também garantiu que voltou a pegar numa revista impressa mesmo numa pequena ida à sua loja de conveniência para fazer compras básicas para o dia a dia.
“O melhor é que estamos a ver as pessoas a sentirem se bem por ter acesso a revistas neste período desafiador e, em particular, podemos ver o crescimento das vendas vindo de lojas de conveniência”, revelou Seymour, distribuidor de revistas no Reino Unido.
A empresa destacou como top de vendas durante a Pandemia, os quebra-cabeças e as revistas infantis que se mostraram particularmente populares durante o confinamento, pois “oferecem uma espécie de escape e uma oportunidade de relaxar enquanto se ficou em casa por longos períodos de tempo.
O isolamento também fez maravilhas pela vendas de livros. Na última semana de Março, a Nielsen BookScan, fornecedora de dados para a indústria de publicação de livros, relatou que os livros de contos de ficção aumentaram um terço no Reino Unido, enquanto os livros educativos infantis subiram 234%, o que é o terceiro nível mais elevado já registado. Livros de quebra-cabeça, artesanato e ficção também tiveram subidas de vendas acentuadas.
Hoje só precisamos de olhar para as linhas do tempo das redes sociais para comprovar o aumento da leitura. Há uma nova esperança entre os editores de que esta tendência se mantenha assim que voltarmos à vida normal.
Atrair atenção da marca
Finalmente, a impressão está a dar às marcas a oportunidade de permanecerem ligadas os seus clientes durante a pandemia, embora os profissionais de marketing tenham demorado a reconhecer o que estes meios de comunicação podem fazer pela visibilidade das marcas que defendem.
Um número crescente de profissionais de marketing recuou na inserção de publicidade quando surgiram as notícias relacionadas com o surto de coronavírus, mas a verdade é que as evidências mostram que deveriam, de facto, ter continuado e aproveitado o momento.
Segundo a Lumen, especialista em rastreamento ocular, actualmente a publicidade impressa está a gerar mais 21% de atenção do que o normal para estes meios. Cerca de 88% dos anúncios impressos veiculados durante a semana de 18 a 25 de Março foram visualizados em comparação com uma taxa de visualização média de 75% registada anteriormente à Pandemia. Dois terços (66%) dos anúncios digitais visíveis foram observados em comparação com uma média de 55% dos testes digitais para computadores realizados nos últimos seis meses.
O tempo despendido a ver os anúncios também permaneceu relativamente elevado. O tempo médio de permanência com anúncios digitais nos testes realizados no mês passado foi de 1,5 segundos, um pouco abaixo da média da Lumen de 1,9 segundos. Por outro lado, o tempo de permanência a visualizar publicidade impressa, aumentou ligeiramente, passando de 2,1 segundos para 2,2 segundos.
O reconhecimento que fica
A importância da impressão tem sido subestimada nos últimos tempos, mas a Pandemia provocada pelo coronavírus mostra que esta permanece tão fundamental como sempre, com os governos, marcas e o público em geral a retirarem um claro benefício dos meios impressos durante o surto. O que se espera é que a indústria de impressão possa assim obter o reconhecimento que merece quando tudo isto passar já que ficou provado que a impressão foi fundamental para que num tempo tão difícil como o que vivemos nos mantivéssemos seguros da credibilidade da informação recebida
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